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Mostrando postagens de outubro, 2010

Licença poética

Então me vejo aqui, meio sem entender essa história da mudança da ortografia ou sei lá o que seja isso. Meu coração continua fazer versos do mesmo jeito torto, na língua que conhece - a mesma que matou Camões, Pessoa, Bilac, Drummond e Quintana... Sobreviverei eu? Versos não se importam com isso. Falam numa linguagem própria, à parte da língua. Saberão esses senhores da mudança do que fala nossa dor? Conheceriam a nossa dor? Não sabem nada. Não são poetas. Nem me importa. Continuo eu, só do que sei. Corrijam-me. Venham atrás. Meus versos vão à frente. Falam de sentimento. Não de facilitar. Se eu quisesse facilitar, não faria versos. Faria equações matemáticas. (Falo por você, Quintana.)

Versos tolos

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É tarde, madrugada alta e escura. Por entre as nuvens no céu adivinho a lua Que em vão tento trazer à terra Para cobrir de luz tua pele nua. Da fragilidade do instante À eternidade de um único momento A esperança do renascimento No suspirar profundo do amante. Guardar-te em meu seio procuro Como quem tenta obscurecer a luz Como um cego num deserto errante Aperta contra o peito, o terço e a cruz. Versos de amor são só lágrimas doces Que saltam do coração ao papel. São carneirinhos no campo em disparada São gotas de orvalho sob o céu. Ser dona do tempo não posso Nem de tua alma quero me apossar. Rabisquei versos tolos num lamento, amor Na febre da vontade de te amar.

A verdade sobre os contos de fadas

A verdade é uma só: príncipes só aparecem no final da história, não têm nome, entram mudos e saem calados. Princesas são patricinhas limitadas à condição de esperar o príncipe. Reis são bocós, muitas vezes cornos e os últimos a saberem qualquer coisa. Quem sobrou? A Madrasta, a Feiticeira, aquela que faz toda a história acontecer, sempre tão injustiçadas... Sempre fui fã das madrastas. Agora mais que nunca!!!

SER

Queria saber quem eu sou... Mas só vejo uma pálida lembrança de quem fui, um esboço de quem queria ser, um rabisco de quem me apresento... Ser é um verbo difícil de se conjugar, diria Quintana. Um descuido e já era...

Devaneios etílicos e sãos

Se te espero, a espera é doce e perfumada. Mesmo que não venhas, tua ausência faz companhia, e a saudade, melodia. Se te espero, o tempo não é bom nem ruim, é só o que antecede a união, eterno e fugaz, instante e eternidade. ............... Estranhos são nossos caminhos. Por que estranhos somos nós. Nossas certezas, convicções, sentimentos. Nossas falhas, descobertas, recomeços. Idas e vindas. Tropeços. Estanhos e íntimos somos pra nós mesmos. Um dia, ou uma noite, nos deparamos com alguém, que não sabíamos que éramos nós. ....................... Brinco de dançar. Jogo a cabeça, os quadris, invento passos. O cabelão ajuda. Pareço jovem... Mas o coração não se engana. Dança nenhuma engana o tempo que me comove. ..................... Viver é rasgar os véus. Desnudar os dias. Inventar trilhas. Viver é aprender, esquecer e reaprender. Fazer de novo, diferente. Viver é reinventar a vida, todos os momentos. Por que a história só existe quando a contamos. Antes di

João Neiva Chega ao Céu

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Montado em seu alazão, vestido como um bom boiadeiro, João Neiva chegou ao céu. Apeou e São Pedro, dono das chaves, veio recebê-lo. - Boa Tarde! - Boas tardes! Por acaso, o senhor pode me dizer que lugar é esse? - Primeiro, eu faço a pergunta principal: Quem é você? - Homessa! Não sabe quem eu sou? Sou João Neiva, conhecido, cantado em verso e prosa por todas as Minas Gerais! - Como vai, Seu João? Eu sou São Pedro e o senhor está no céu. - Quer dizer então que morri? - Bem, Seu João, pela sua ficha vejo que o senhor viveu até os 98 anos. É uma longa vida. Sua morte foi natural, decorrência da muita idade... - Menino! E não é que esse lugar parece mesmo o céu? Isso quer dizer que vou encontrar todo aquele povo que já morreu antes de mim? Mamãe, papai, meus irmãos...Hildete! Cadê Hildete? - Calma, Seu João! O Senhor vai ter muito tempo pra encontrar todo mundo. Aliás, toda a eternidade. Por isso antes vamos bater um papinho. Preciso acabar de preencher sua ficha e faltam alguns

Espera?

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Enquanto não chega o fim do mundo, é no teu beijo que quero sentir tremor. A terra que espere para se abrir. Enquanto as trombetas não tocam, é no teu corpo que vou me enroscar e esquecer... Que venham as chuvas, os raios, os meteoros! Dentro de mim, há muito sinto a tempestade. Agora, que se faça o caos! Enquanto não chega o fim dos tempos, não vou perder meu tempo tentando entender ou explicar... te quero, só te quero! (...e é no quente do pecado, escondido entre meus peitos, que vou te guardar...) Antes que o mundo se acabe – Antes que os anjos anunciem o fim – Antes que a poesia desista de nos provocar – Espera um minuto. Eu vou. Foto: Marcelo Guerato - http://www.flickr.com/photos/guerato/

Debut

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Com você seria diferente. O primeiro beijo teria sabor de primeiro beijo Jeito de quinze anos, Tremor de adolescência. Com você, qualquer palavra de amor pareceria original. Toda música, a primeira dança. Toda dança, valsa de debut. Com você, fazer amor seria como a primeira vez. Acordaria com um sorriso nos lábios, Imaginando que alguma coisa mudou, Entre a Terra e o Universo. Com você, se a esperança não me abandonar, Tudo pode ser diferente. Foto by: Marcelo Guerato - http://www.flickr.com/photos/guerato/

Olhos Janelas

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Das janelas anônimas - silêncio – Vaza poesia, Escorrendo pelas paredes, Escuridão melando a noite Dos seus olhos semi-abertos - Acalmia – Vaza poesia Escorregando até seu riso, Amor melando um beijo...